terça-feira, 24 de agosto de 2010

IYAMI ALÁKÒKO: OYÁ - IANSÃ

“Ê ê ê epa, Oiá ô.
Grande mãe.
Iá, ô.
Beleza preta
No ventre do vento.
Dona do vento que desgrenha as brenhas
Dona do vento que despenteia os campos
Dona de minha cabeça
Amor de Xangô...
Toma conta de mim.”
(Risério; 1996:148)

Filha de Oxum, segundo um mito cubano, nasceu dentro das  aguas. (Prandi; 2001:295)

Susanna Barbara (1995:104) narra-nos uma lenda por ela recolhida, que confirma a maternidade de Oxum:

“Um dia Oxum, que queria tanto ter uma filha mulher, botou uma galinha-d’angola num quarto e, depois de ter feito várias obrigações, no nono dia nasceu Oiá”.

Em homenagem a Oxum, aqueles que tem Oiá como protetora muitas vezes usam no ileke (colar de contas) uma pedra amarela e o resto das contas vermelhas. 

Outras lendas contam que foi criada por Odé, aprendendo com ele a arte da caça e dele ganhando erukere (rabo de cavalo), símbolo de realeza e poder sobre os espíritos da floresta.

Oiá

Divindade do rio Niger, em iorubá
Odò Oiá.

Foi casada com Ogum (Divindade do Ferro e da Forja) de quem recebeu um Ida, esp écie de sabre, depois uniu-se a Xangô. 

Conta um dos mitos que Ogum furioso perseguiu os amantes e encontrando Oiá.

“trocou golpes de varas mágicas” 

partindo-a em nove pedaços, uma alusão aos nove braços do rio Niger. (Verger; 1997:168)

O sopro de Iansã, muitas vezes é chamado de vento da morte, pois traz consigo maus presságios.

Soberana entre os mortos e os ancestrais como Oiá Igbal é, a Iansã do oriki ìya-mesan-òrun. É homenageada também como:

“Alákòko, dona do òpákòko, tronco ou ramo da árvore akòko;tronco ritual que liga os 9 espaços do orun ao aiyé”.
(Elbein; 1998:58).

Iansã é mãe guerreira e companheira, a mãe que não andona seus filhos nos momentos de aflição, por ém quando percebe-se lograda usa seus poderes de feiticeira para punir aqueles que causaram tais malefícios a si ou a seus filhos.

Fonte: Iyami Osoronga (Minha Mãe Feiticeira)
O coletivo feminino na cosmogonia do Universo.

AUTORA -YASKARA MANZINI.

Impressões acerca da diáspora africana e formatação dos cultos afro-brasileiros nos moldes atuais das diferentes nações.

O culto de orixás nagôs dentro de terras de jeje sempre existiu e sempre existirá, aqui no Brasil a fundadora da maior e mais tradicional casa de jeje é iniciada a ogun que é orixá pra termos como exemplo. Temos também Gayaku Luíza de Oyá, consagrada a uma divindade ketú que comandou o Huntologi em Cachoeira/Ba, casa de voduns jeje... desde a áfrica o território dos fon-daomé eram de fronteira com as terras dos povos de ketú de tradição yorubá, e desde lá o intercambio sempre foi muito grande, hoje é a atual Nigéria e o Benin...então estas trocas sempre aconteceram desde muito antes do candomblé ser recriado no Brasil com uma condensação das principais divindades, organizadas em xirê.


Na diáspora africana vieram negros de vários grupos, tribos, aldeias e etnias, com deuses familiares de culto de herança, nesta diáspora as famílias biológicas dos negros foram desfeitas e vendidas separadamente de modo proposital pelo traficantes de escravos a fim de evitar rebeliões...os negros perceberam que unidos seriam mais fortes e começaram a estruturar fugas e formarem os quilombos onde eles se reuniriam, e como marco e reconhecimento daquele solo como um quilombo seria colocado um mastro com uma bandeira branca, mas devemos lembrar que depois dos ketús-nagôs e dos ewe-fons virem, uma quantidade enorme de angoleses, congoleses , bantus, dos malês trazendo a influência do Islã e o hábito do uso das túnicas como vestuário,  senegaleses e demais povos negros também foram escravizados, nascendo daí as tradições do candomblé de angola atual que cultuam os nkises. 


Esta bandeira branca dos quilombos além de ser um modo de identificação dos mesmos , era também o local do assentamento e do  culto da maior divindade da nação angola que é o nkise Kitembú, assim como Dan e Omolú para os Jeje e Xangô e Oxossi para os nagôs, Oxum para os Ijexás e demais deuses e deusas conforme a cidade antes de embarcarem da áfrica para o Brasil como escravos nos portos africanos.  


Eles eram obrigados pelos dominadores, as vezes os próprios negros de outras tribos maiores e mais forte a darem várias voltas em torno de um tronco de árvore antes de embarcar, pois eles acreditavam que deste modo deixariam todas as lembranças da terra natal para trás. E este modelo de mover-se em círculo foi reproduzido na Brasil na recriação dos modelos de xirês dos candomblés atuais, onde as divindades de diferentes famílias e regiões passaram a ser cultuadas ao mesmo tempo, mas em momentos específicos e com cantigas específicas que remeteriam as lembranças de sua terra natal.Como um manifesto e recordação acerca das voltas no tronco em solo africano para esquecerem seus familiares, crenças, costumes, tradições e deuses, conforme acreditavam... nasce assim o xirê como um reagrupamento de divindades e lembrança do movimento circular antes de embarcarem e no movimento de sentindo anti horário um reencontro com a ancestralidade...


Estes negros sofridos, escravizados então agrupados nos quilombos com a bandeira branca começaram a se organizar e obviamente o intercâmbio de diversas etnias foi inevitável, bem como a assimilar as palavras de outros dialetos para serem incorporados no cotidiano, principalmente o intercâmbio das divindades e do modo de tratá-las. Ocorre que especialmente os fon-ewe-daomé-jeje como preferir, foram mandados em especial para algumas regiões específicas do Brasil como principalmente a Bahia, região do recôncavo, no Maranhão surgindo daí o tambor de minas, no Rio de  Janeiro nasce o Kpo Daba  e em Rio Grande do Sul os Xambá, com culto a Saponan, divindade jeje.


Na Bahia se destacou a culto a 3 grandes famílias de voduns a de heviosso, de sakpatá/xaponã e de Dan-ayedo... surgindo assim as mais importantes casas matriz do jeje no Brasil, com destaque especial também ao tambor de mina do Maranhão, por este motivo de territorialização, a cultura jeje pura foi pouco divulgada e a tornou como uma nação de poucos adeptos, além disso os longos períodos de iniciação no jeje desmotivaram muitos neófitos em se iniciarem e que sobretudo os longos períodos de luto das grandes casas de tradição jeje, fez com que muito conhecimento fosse levado pros túmulos das grandes sacerdotisas jeje... fazendo inclusive estes longos períodos de luto jeje, que chegavam a durar sete anos, com que muitas casas fossem fechadas e isso se agravou com as repressões policiais aos batuques dos negros e perseguições da sociedade como um todo, gerando um estigmatização àqueles que professassem da fé e culto aos deuses africanos.


Neste movimento de intercâmbio nasce o candomblé, como um culto aos éboras e demais divindades de outros panteões africanos, com misturas tão entranhadas e hoje impossíveis de serem desfeitas, com isso as divindades nagôs yorubanas passaram a ser mais cultuadas, pois obviamente as pessoas destes grupos étnicos somavam um maior número escravos na ocasião, fazendo com que a nação ketú-alaketú fosse mais difundida, e a nação angola ganha destaque pela introdução dos ancestrais das terras brasileiras como elementos de seu culto, na figura dos índios, caboclos(miscigenação de negros com índios).


Pretos velhos sendo os próprios anciãos negros e depois de mortos em solo brasileiro como figura marcante dos grandes feiticeiros e feiticeiras mortas daquela época nas senzalas, e com o transe destes ancestrais na incorporação acreditava e acredita-se que conselhos e o conhecimento levado para o túmulo com eles fossem recuperados nestas manifestações, tem a figura dos boiadeiros como elementos fortes dos sertões brasileiros, dos marujos e marinheiros como a escória da sociedade europeia que era mandada pra colonizar nossas terras, dos mulheres e homens de vida fácil ligados ao erotismo e comércio do corpo nasceu o culto aos malandros e as pomba giras, que na verdade é uma corruptela do termo banto npombú nzila, que seria a energia de um nkise equivalente ao exu de ketú e ao bará de jeje erroneamente associados a estes personagens citados anteriormente, que no candomblé contemporâneo seriam considerados como catiços, neste momento e com estes elementos acaba surgindo um ponto de convergência com a cultura do brasileiro, trazendo a existência e o nascimento da UMBANDA religião que cultua direta e abertamente estas energias, como sendo genuinamente a religião brasileira.


Pessoas que viveram e morreram e teriam voltado com uma missão a ser cumprida e como prova de que a morte não seria o fim, por estes motivos expostos o angola passou a ser a nação mais amada pelo povo brasileiro pq permitiu esta agregação aos seus moldes de cultuar, sem no entanto descaracterizar sua origem e tradição na forma de cultuar aos nkinses, fazendo futuramente com que adeptos das outras nações também passassem a aderir ao cultos destas energias.


Se observarmos Omolú, Dan, Yewá, Nanã, Loko, Agué, Sogbô e mais uma enormidade de deuses e deusas...seriam todas divindades exclusivamente JEJE, alguns ainda afirmam que Nanã é um título/epíteto de Omolú e que sendo assim Nanã seria uma divindade masculina e vemos no entanto estes deuses e deusas africanos sendo cultuados desde sempre nas casas de ketú, graças aos intercâmbios dos tempos de escravidão,  pois o oxumarê dos ketús nada mais é que mesmo Dan e não outra divindade, só que ele foi assimilado em território africano pela proximidade territorial, antes de desembarcar em terras brasileiras e acabou ficando como duas divindades distintas e de nações diferentes, mas não é verdade, pois ambos representam o ciclo das águas que evaporam da terra para o céu, que formam o arco íris , que carregam as nuvens e retorna a terra na forma de chuva, por esta analogia é que algumas das casas de candomblé colocam uma quartinha no meio do barracão e tocam com os dedos na água e molham sua mão e cabeça para que o ciclo da vida Dele com o movimento cíclico e contínuo das águas se repitam em nossas vidas.


Antigamente também era muito comum grandes mães de santos de outras casas e nações participarem na feitura de novos iniciados: muzenzas e yaôs/adoxús e com isso segredos/awos por trás das cortinas e bastidores dos roncós-hundeimes e sabajis eram trocados e assim nasceu a tradição dos Nagô - Vodum em minha análise crítico-analítica e em alguns casos e casas de axé também com agregação de saberes da nação Angola neste grande amálgma que é o CANDOMBLÉ.


Outro aspecto interessante foi a introdução do orixá OYÁ que comanda os eguns e trás a insígnia da morte na cultura NAGÔ. Pq ao passo que Oyá celebra a transição da alma do morto aos nove espaços do orun, os JEJE cultuam e celebram a vida na forma de DAN AYEDO a grande serpente que forma o movimento de círculo contínuo ao morder e engolir sua própria cauda, logo seriam e são energias antagônicas, uma com reverência direta a morte e ancestralidade no comando dos eguns e o outro celebrando a vida. Por isso que em casas de tradição puramente jeje não se constrói casa de babá egun: o leseyn – pois acredita-se que a mão que cultua a vida na cabeça das pessoas, não pode cultuar a morte, mas dentro das águas de Nagô-Vodun esta combinação acontece.


Mas mesmo assim, com esta compreensão, existem casas de raiz Jejê que tem suas casas de babá egun assentados, às vezes bem guardados e escondido dos olhos mais curiosos, como isto foi possível? Sinceramente a única conclusão que chego mais uma vez é a boa e velha troca de conhecimentos e informações desde dentro das senzalas, com extensão aos quilombos e mais recentemente com o surgimento das irmandades dos negros que se reuniam e juntavam dinheiro trabalhando em afazeres braçais e na venda de quitutes da culinária africana nos tabuleiros pelas ruas para poderem comprar a liberdade dor irmão de cor e de fé, numa cultura Politeísta com ligação direta aos elementos da natureza.


Daí é que nasce a cultura dos antigos africanos em enterrarem os cordões umbilicais de seus filhos aos pés de uman árvore/atinsá em crescimento ou já grande, para que assim como aquele elemento de ligação da mãe com o filho biológico – o mesmo possa ser religado com a mãe terra na figura do Vodun Ayzan quando este cordão umbilical é devolvido a terra... acreditando-se que: assim como aquela árvore será forte e viverá longos anos, assim acontecerá também com as vidas das pessoas cujos cordões umbilicais tenham sido enterrados em baixo de sua copa.


Meu pedido de benção aos mais velhos e aos mais novos.

Mussalê!
Indaloime!

Balegunã – Dofonitinho de Oyá

e-mail de contato - batak6@gmail.com

Írùkèrè.

Irukerê, Irukere ou erukere é um apetrecho da cultura afro brasileira, inerente ao Orixa Oya. Confeccionado com cauda de boi ou de búfalo, utilizado nos rituais de Oya e Axexe, tem finalidade específica de afastar os espíritos para o seu espaço sagrado, e eliminar as adversidades da comunidade. Um outro instrumento bem parecido e confundido pelos leigos é o Iruexin., que estar ligado ao OrixaOssosi e com a função de atrair a fartura e prosperidade, confeccionado exclusivamente de cauda de cavalo. Na África os babalawos e nobres usam como símbolo de status, utilizando também para espantar mosca.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Iruker%C3%AA